HISTÓRIA E CONCEPÇÕES DO ATENDIMENTO EM CRECHES
A surpreendente descoberta: quem é e o que pode aprender uma criança de até três anos
As concepções sobre infância e o olhar sobre como a criança se desenvolve e aprende
mudaram bastante nos últimos anos. Estas
mudanças ocorreram em grande parte por
exigências sociais que transformaram os papéis sociais dos homens e mulheres e, consequentemente, fizeram emergir instituições
que compartilham com as famílias a educação das crianças pequenas em ambientes
coletivos. Estas novas práticas também foram acompanhadas de novas maneiras de
se estudar a criança por parte de estudiosos
de diferentes áreas. Os estudos atuais têm
mostrado que os bebês apresentam um repertório sofisticado para interagir com o outro (parceiro adulto ou criança), sendo esta
interação social um fator de grande importância para o desenvolvimento e aprendizagem dos mesmos. Dentre as muitas aprendizagens e aquisições que ocorrem nas e pelas
interações merece destaque o que se denomina de construção da subjetividade, que se
constitui e ao mesmo tempo é constituída
por um processo chamado de intersubjetividade. Este processo envolve regulações socioafetivas nas quais os adultos vão significando os gestos, vocalizações e as falas dos
bebês; envolve também a identificação (ser
como o outro) e a diferenciação, onde ocorre uma oposição ao outro. Assim, a criança
vai aprendendo sobre si mesma e sobre os
outros, podendo assim constituir-se em sujeito singular e construir sua autoimagem.
Ao longo dos três primeiros anos de vida,
a criança passa por transformações muito rápidas e contínuas. Além de aprender a
sentar, engatinhar, ficar de pé, andar ocorre uma das grandes aquisições que é o surgimento da fala, através da qual a criança
compartilha tópicos de brincadeira e expressa suas emoções e sentimentos para o outro. Inicialmente, com vocalizações não tão
inteligíveis em que a intenção comunicativa
acaba ficando subentendida, aos poucos a
fala emerge nas interações sociais das crianças como constituição do pensamento e
possibilita um salto no que se refere às possibilidades de trocas, significações e aprendizagens no contato com os outros, adultos
e crianças.
Observando os processos interacionais de bebês e crianças, podemos constatar o quanto o
brincar se faz presente, sendo uma atividade
de alta prioridade para eles. Existe um consenso entre os estudiosos da infância de que é
fundamental que a criança brinque para poder
aprender e se desenvolver. Compreender, então, porque a criança brinca, como ela brinca
e as complexas relações entre o brincar e os
processos de desenvolvimento e aprendizagem
se mostra um instrumento para promovermos
interações de qualidade no cotidiano das crian-11
ças. O olhar atento dos adultos para os processos interacionais que se constituem nestes
brincares é fundamental para pensarmos as
ações a serem desenvolvidas no cotidiano das
creches. Refletir sistematicamente sobre os
diversos aspectos que se fazem presentes nestas interações, como, por exemplo: que objetos dispor para as crianças, em quais espaços,
que ações realizar, as formas como podemos
nos relacionar (um olhar, um gesto, um toque,
uma fala...), as maneiras como as acolhemos
e as desafiamos para as inúmeras conquistas
que podem acontecer nos seus primeiros anos
de vida, tudo isto deve ser um compromisso
de todos os professores que trabalham nas creches.
EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS EM CRECHE
ANO XIX-2009
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTANCIA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
TV ESCOLA
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