A
Criança e os Mimos
Autora: Anne Marie Lucille
Educar
com Mimos é
Domesticar sem Tino
"Se
competir é o único caminho que nos conduz à felicidade, então, viver em paz
será impossível..."
Será que que toda inutilidade que sabemos para nada servir, isso
também precisamos ensinar para as crianças?
Uma criança
necessita de atenção, carinho e cortesia no trato, de quem quer que seja, e
especialmente respeito. Respeito é simplesmente ter o cuidado e a consideração
de não contaminá-la com nossos vícios, manias e maus hábitos.
Sim, nós somos os contaminadores, uma vez que elas, psicologicamente, ao nascerem, ainda não são nada, não têm personalidade, costumes, sequer pensam. E tudo que lá existe são discretas predisposições temperamentais que se não forem trabalhadas, talhadas, potencializadas, pouco valor terão em sua jornada cognitiva. E o condicionamento, as instruções do mundo, se encarregarão de fazer esse burilamento, seja essa condução realizada de forma responsável e consciente, ou não.
E o temperamento sem uma boa condução acabará por se identificar com uma má cognição. Ocorre que suas mentes estão vazias, lá não existem memórias, e sem elas, não são capazes de pensar, ao menos de forma lógica e racional.
Nós somos os encarregamos de preenchê-las com aqueles nossos caracteres que consideramos mais preciosos, ou seja, nossas vaidades, crendices, superstições, medos, paranóias, fanatismo, desejo de refazer o mundo de conformidade com nossa imagem e semelhança, desejo de conquistar o impossível, preferências, e tudo mais.
Observe o que motiva um corrupto, se não é a satisfação por ganhar alguma coisa, de ser cortejado com inúmeros agrados, de sentir-se poderoso pelo assédio dos bajuladores, que dele esperam algum favor ilícito, uma vantagem pessoal.
Imagine se existisse uma maneira de tornar nossa vida mais fácil, confortável, ainda mais quando tal condição, para ser conquistada, não iria requerer, de nossa parte, quase nenhum esforço. Não seria preciso nenhum esforço pessoal, pois, chegaria até nossas mãos, numa bandeja dourada, em forma de presente, com todas as honras.
Se pudéssemos, com poucas palavras, traçar o perfil íntimo de um corrupto, o que teríamos pela frente? Bom, este deveria ser alguém que já sai de casa na expectativa de trazer da rua um pacote sempre crescente de vantagens. Um homem que desconhece a ética, um fiel partidário da lei do menor esforço, e um indivíduo que está sempre disposto a mentir, se o propósito for atingir suas metas de realização pessoal.
Quando uma criança é tratada como mimos exagerados, quer dizer presentes e todo um aparato de agrados, para que cumpra seus deveres regulares, ela está diante das mesmas condições que motivam também um corrupto. Presentes para escovar os dentes, presentes para ir à escola, presentes para ir dormir cedo, presentes para pentear o cabelo, que tipo de mensagem estamos inserindo na personalidade desse jovem?
Criança precisa de educação, zelo e respeito, disciplina ordenada, que é o sentido de organização pessoal, toque e carinho. Criança precisa aprender desde cedo o sentido da vida, o sentimento de solidariedade, mas não a solidariedade do dar para receberem dobro.
Criança precisa sim, descobrir o que é a amizade, praticar
respeito porque vivenciou isso, e não porque está escrito em algum livro
sagrado.
Quando observamos o comportamento dos nossos jovens, a leitura que fazem do nosso mundo, do nosso modo de vida, do qual são partes integrantes e atuantes, logo se percebe que alguma coisa está errada, ou incompleta. Não precisa ser muito perspicaz para perceber isso. Um mínimo de inteligência já basta. Se ainda assim você não for capaz de perceber isso, a lavagem cerebral que te fizeram, extrapolou os limites da deformação vigente.
E há toda uma cultura instituída de que criança precisa de agrados exagerados, que em seu mundo tudo deve ser permitido, as birras, os erros, até como forma de evitar que sofram constrangimentos, caso sejam repreendidas. É crença de que tais intervenções, depois, possam se transformar em traumas psicológicos sérios. No entanto, deixá-las em frente a um aparelho de televisão, que transmite o dia inteiro, coisas bizarras, violentas, conteúdos capazes de perturbar até um adulto centrado, paradoxalmente, isso é permitido, sem ressalvas.
Assim, alertar para um erro que eventualmente venham a cometer, é considerado coisa capaz de lhe causar traumas. Mas, assistir novelas com tramas espúrias, de uma realidade absurda, onde a deformação social é uma coisa natural, isso é considerado edificante e até debatido em círculos de pais e professores, como exemplificação saudável dos novos comportamentos.
Onde está a falha? E se a falha estiver em nosso modo de enxergar essa coisa, e aceitar essa manipulação de maneira transigente, como religiosos fanáticos que se recusam a pensar, e simplesmente se deixam conduzir por gurus inescrupulosos, para o abismo, crentes de que do outro lado das trevas, existe um paraíso, construído especialmente, para lhes servir?
Há diferença entre eles e nós? Tais promessas não lembram os mimos? Existe presente, compensação, recompensa maior que essa?
Sabemos bem como a indústria, o mecanismo social que criou a ideia do dar e receber presentes, e agrados, cada vez se firma como uma instituição sólida. Tornou-se uma religião, uma doutrina de vida, faz parte de todas as tradições, de todos os povos, em todos os tempos.
Mas, paradoxalmente, ao invés de um aumento da cordialidade e respeito entre os indivíduos, vemos cada vez mais antagonismo, relacionamentos em crise, o fim do sentido real de confraternização, cada vez mais conflitos. Fica evidente que há uma falha grave em nosso modo de tratarmos essa coisa.
Sim, nós somos os contaminadores, uma vez que elas, psicologicamente, ao nascerem, ainda não são nada, não têm personalidade, costumes, sequer pensam. E tudo que lá existe são discretas predisposições temperamentais que se não forem trabalhadas, talhadas, potencializadas, pouco valor terão em sua jornada cognitiva. E o condicionamento, as instruções do mundo, se encarregarão de fazer esse burilamento, seja essa condução realizada de forma responsável e consciente, ou não.
E o temperamento sem uma boa condução acabará por se identificar com uma má cognição. Ocorre que suas mentes estão vazias, lá não existem memórias, e sem elas, não são capazes de pensar, ao menos de forma lógica e racional.
Nós somos os encarregamos de preenchê-las com aqueles nossos caracteres que consideramos mais preciosos, ou seja, nossas vaidades, crendices, superstições, medos, paranóias, fanatismo, desejo de refazer o mundo de conformidade com nossa imagem e semelhança, desejo de conquistar o impossível, preferências, e tudo mais.
Observe o que motiva um corrupto, se não é a satisfação por ganhar alguma coisa, de ser cortejado com inúmeros agrados, de sentir-se poderoso pelo assédio dos bajuladores, que dele esperam algum favor ilícito, uma vantagem pessoal.
Imagine se existisse uma maneira de tornar nossa vida mais fácil, confortável, ainda mais quando tal condição, para ser conquistada, não iria requerer, de nossa parte, quase nenhum esforço. Não seria preciso nenhum esforço pessoal, pois, chegaria até nossas mãos, numa bandeja dourada, em forma de presente, com todas as honras.
Se pudéssemos, com poucas palavras, traçar o perfil íntimo de um corrupto, o que teríamos pela frente? Bom, este deveria ser alguém que já sai de casa na expectativa de trazer da rua um pacote sempre crescente de vantagens. Um homem que desconhece a ética, um fiel partidário da lei do menor esforço, e um indivíduo que está sempre disposto a mentir, se o propósito for atingir suas metas de realização pessoal.
Quando uma criança é tratada como mimos exagerados, quer dizer presentes e todo um aparato de agrados, para que cumpra seus deveres regulares, ela está diante das mesmas condições que motivam também um corrupto. Presentes para escovar os dentes, presentes para ir à escola, presentes para ir dormir cedo, presentes para pentear o cabelo, que tipo de mensagem estamos inserindo na personalidade desse jovem?
Criança precisa de educação, zelo e respeito, disciplina ordenada, que é o sentido de organização pessoal, toque e carinho. Criança precisa aprender desde cedo o sentido da vida, o sentimento de solidariedade, mas não a solidariedade do dar para receber
Quando observamos o comportamento dos nossos jovens, a leitura que fazem do nosso mundo, do nosso modo de vida, do qual são partes integrantes e atuantes, logo se percebe que alguma coisa está errada, ou incompleta. Não precisa ser muito perspicaz para perceber isso. Um mínimo de inteligência já basta. Se ainda assim você não for capaz de perceber isso, a lavagem cerebral que te fizeram, extrapolou os limites da deformação vigente.
E há toda uma cultura instituída de que criança precisa de agrados exagerados, que em seu mundo tudo deve ser permitido, as birras, os erros, até como forma de evitar que sofram constrangimentos, caso sejam repreendidas. É crença de que tais intervenções, depois, possam se transformar em traumas psicológicos sérios. No entanto, deixá-las em frente a um aparelho de televisão, que transmite o dia inteiro, coisas bizarras, violentas, conteúdos capazes de perturbar até um adulto centrado, paradoxalmente, isso é permitido, sem ressalvas.
Assim, alertar para um erro que eventualmente venham a cometer, é considerado coisa capaz de lhe causar traumas. Mas, assistir novelas com tramas espúrias, de uma realidade absurda, onde a deformação social é uma coisa natural, isso é considerado edificante e até debatido em círculos de pais e professores, como exemplificação saudável dos novos comportamentos.
Onde está a falha? E se a falha estiver em nosso modo de enxergar essa coisa, e aceitar essa manipulação de maneira transigente, como religiosos fanáticos que se recusam a pensar, e simplesmente se deixam conduzir por gurus inescrupulosos, para o abismo, crentes de que do outro lado das trevas, existe um paraíso, construído especialmente, para lhes servir?
Há diferença entre eles e nós? Tais promessas não lembram os mimos? Existe presente, compensação, recompensa maior que essa?
Sabemos bem como a indústria, o mecanismo social que criou a ideia do dar e receber presentes, e agrados, cada vez se firma como uma instituição sólida. Tornou-se uma religião, uma doutrina de vida, faz parte de todas as tradições, de todos os povos, em todos os tempos.
Mas, paradoxalmente, ao invés de um aumento da cordialidade e respeito entre os indivíduos, vemos cada vez mais antagonismo, relacionamentos em crise, o fim do sentido real de confraternização, cada vez mais conflitos. Fica evidente que há uma falha grave em nosso modo de tratarmos essa coisa.
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