Pensando
no encontro pedagógico......
Quando
falamos de encontro pedagógico na Creche Vila Kennedy pensamos logo em brincadeiras ... Em aprender
brincando.... O que fazer, para que
todos entendam a importância de
cada um, para que toda nossa creche funcione azeitadinha?
Qual seria o tema desse encontro?
Quais atividades
contemplariam o tema de forma lúdica?
Como
seduzir o grupo para a leitura de um dos
livros sugeridos pela SME, um dos quais,
nos faz entender a construção de
projetos na Educação Infantil?
Nossa!!!!
Responder a essas perguntas , faz com que o sono desapareça ,
o entusiasmo cresça e o furor pedagógico atropele os pensamentos.
Vamos por
partes....
O tema do
encontro será : “ Perceber o outro . Mas quem é esse outro?”
O Outro
será nossa criança ..... que brinca, mas do que gosta de brincar? Que faz
travessuras, mas quais seriam elas? Que conta histórias, mas quais histórias?
Que fala da família, mas o que ela fala? Que conversa com os colegas, mas qual seria o
papo? Que faz observações sobre os assuntos da rodinha, mas quais seriam essas
observações e com quem as faz? Que faz tudo
as avessas.... que vejo nela ? Somente o que me desestrutura como profissional,
ou eu consigo ver que aquele
pequeno está precisando de mim,
pessoa , gente, profissional, adulto?
E o
outro.... outro????, que é nosso parceiro de trabalho, será que ele está motivado como eu?
Será que ele entendeu a atividade
que nos propusemos a fazer? Será
que ele percebe o quanto a sua
participação, junto comigo, faz
diferença para a qualidade do nosso trabalho? Será que eu, de verdade, dividi
meus pensamentos com ele , registrando/planejando todas as nossas ações e
propósitos? Será que paramos e olhamos
com outro olhar os nossos alunos,
percebendo os desejos deles ? Será que esse meu olhar fez com que eu quebrasse os paradigmas do educador, como fonte soberana e total de
conhecimento ? Será que quando eu me disponho a brincar com os outros adultos, eu olho nossa brincadeira somente como puro prazer de adulto ou consigo
perceber que existe um olhar intencional, aquele que Paulo
Freire tanto falou.....
Tentando
responder a todas essas questões ....
Levando
nossos educadores a entender o porquê, as entrelinhas desse fazer
diferente, desse desencadear que com
prazer aprendemos melhor, que repensar nossas atitudes,
mesmo imitando pequenos, ou rindo de nós
mesmos, conseguimos avaliar a intencionalidade das ações?
Com essa
ideia na cabeça, resolvemos propor que
nosso encontro pedagógico começaria uma
semana antes com algumas atividades
que despertaram curiosidade, agitação,
motivação.....
A
primeira atividade foi:
Dividimos entre todos os
elementos da creche pulseirinhas de neon com cores diferentes, ninguém em
nenhum momento
poderia
deixar de estar usando sua pulseira,
quem por acaso esquecesse, perdesse, pagaria uma prenda .
Entregamos
da seguinte forma :
9
pulseiras vermelhas uma para cada turma.
9
pulseiras brancas
18
pulseiras amarelas
18
pulseiras verdes
Todos, imediatamente ao receberem as pulseiras,
começaram a elucubrar qual seria o motivo delas, quais seriam as tarefas, os
porquês e os senões.
Nada
mais foi falado, somente que todos
deveriam estar sempre com suas pulseiras.
Que para
nós organizadores, a pulseira representa o compromisso de estar/ser/viver educador.
Isso é uma reflexão que será feita na quarta feira: porque não
podíamos estar sem as pulseiras e o que
elas representavam. E que o sentimento de educador, dentro de uma unidade
escolar de educação infantil, modalidade creche, tem de ser
pertencente a todos que nela
coexistem.
No
dia seguinte a direção estaria atenta para verificar se todos estavam presentes com suas pulseiras, na realidade o objetivo era ver se todos
estariam ali, naquele espaço de corpo e alma.....
MOTIVADOS!!!!!
Em um
determinado momento a direção convocará
o pessoal que recebeu a pulseira vermelha.
Reunirá o
grupo em lugar reservado dando a seguinte tarefa:
Os
elementos que receberam esta cor de pulseira deverão entrar e sair
dos ambientes da creche,
sorrateiramente, mudando de lugar
os objetos pertencentes as pessoas, sem que as mesmas venham a perceber no momento.
O
objetivo é fazer com que as pessoas
estejam atentas a tudo que se passa ao seu redor. O mesmo que deve ser feito com nossos
pequenos, afinal, estes soltam pérolas, fazem coisas fantásticas e por vezes
perdemos esses momentos.
Se você
não consegue perceber um
elemento diferente ao seu redor, retirando deste ambiente objetos óbvios
e os colocando em outros lugares,
como pode estar atento as façanhas de
nossos pequeninos.
É notório
que essa atividade vai dar o que falar ,
reclamar e movimentar a creche.
E a
pergunta que fica no ar é:
O que
podemos aprender /pensar/refletir a partir desta brincadeira?
No
dia seguinte, foi entregue uma folha
com alguns questionamentos sobre
o primeiro capítulo, suscitando que cada um escrevesse um pouquinho, do livro
Projetos Pedagógicos na Educação Infantil, com a seguinte frase :
É pra
ontem !!!!
Nosso
objetivo é fazer com que as
educadoras leiam o livro e
entreguem o mais rápido possível suas
observações, pois as cinco primeiras a entregar receberão um bônus !!! Cordões
comprados na Rua da Alfandega, embrulhados em papel celofane e espalhados/escondidos pela creche.
No
terceiro dia, estarão sendo
convocados os possuidores das pulseiras
amarelas. A tarefa deles será :
Apanhar
no meio das fantasias e enfeites, uma caracterização e escolher um colega e
caracterizá-lo. Este colega depois de
enfeitado deverá se dirigir a direção para saber qual será sua tarefa:
A tarefa
dos caracterizados será a de criar situações que representassem
alunos líderes, zangados, dispersos, que viessem a exigir maior atenção dos
educadores de forma a inserí-los no grupo.
Todos,
independente da função exercem, estão inseridos nas atividades.
No quarto
dia, dois elementos de cada sala, ou seja, os que possuem pulseiras verdes, receberão uma balão de
gás com água envolvido em cueiros . Estes são seus bebês e
ao toque do sinal cada cuidadora do balão deverá se apresentar com seu bebê na
secretaria . Arrumado, cheiroso e tratadinho. Tal qual um tamagoshi, aqueles
que outrora foram febre entre a garotada.
Esta
atividade tem por objetivo, aguçar os olhos do cuidar, pois para cada bebê, terá um rol de ações a serem feitas. E
que o olhar para a questão do cuidar, é tão especial quanto o olhar social,
pedagógico e emocional.
Todas as
ações buscam desenvolver um olhar
holístico sobre as ações e sobre as crianças, construindo em nós a capacidade de olhar e ver, afim de
que possamos construir uma educação infantil onde esteja privilegiado a coragem/a
convicção de uma nova postura profissional, ajustando os esquemas existentes a
novas experiências, visando a qualidade/excelência na Educação de nossos pequenos.
No quinto
dia, o Famoso dia do encontro
pedagógico, a tarefa é de trazer uma música romântica, baixada sob forma de download
no celular de cada um dos educadores. Essa música não pode ser de conhecimento
dos outros é uma coisa secreta.
A
dinâmica proposta é : Ao sinal do orientador todos deverão acionar as músicas de seu celular e
junto cantá-la. Ao final de um minuto, o orientador solicitará a parada e perguntará aos
participantes: Quais músicas estavam
sendo cantadas? É claro que no tumulto de todos cantando ao mesmo tempo, ficará
complicado saber as músicas cantadas.
Para
ficar mais divertido, pede-se que se faça outra vez, um minuto para se cantar e
ouvir, mas todos dessa vez devem cantar mais alto, muiiiiiiiiiiito mais alto.
Bem, com
certeza a resposta será a mesma.
O
orientador fará a seguinte pergunta: Mas
as músicas são todas românticas, como
vocês não sabem as que foram cantadas?
Bem já
que está difícil, saber quais são as
músicas, faremos 10 grupos.
Cada grupo só poderá apresentar
uma música que será selecionada entre as músicas dos participantes do
grupo.
Retorna-se
para o grupão e faz-se o mesmo, sendo
que agora todos cantarão juntos e ao
mesmo tempo.
Volta-se
ao ponto inicial. Com as mesmas perguntas feitas anteriormente.
Ainda
assim, as respostas serão as mesmas.
O
orientador fará a seguinte pergunta: Mas as músicas são todas românticas, como vocês não sabem as que foram cantadas?
Agora, o
orientador sugere que se faça 5 grupos e
repita-se as mesmas ações em busca de se descobrir a música.
Depois,
se fará dois grupos
E por
final, escolheremos uma música
romântica.
Depois de
todos ouvirem, a música escolhida
E a
pergunta a ser feita é:
Que lição
para nossa vivência de creche, podemos tirar dessa dinâmica?
Nosso
objetivo é que as educadoras possam
perceber o outro olhar, ver e respeitar as diferenças, entender que
mesmo que o objetivo seja único, se não for
construído por todos, este acaba se perdendo e não conseguiremos alcançá-lo.
Precisamos olhar para o outro, e ver se queremos um
projeto vitorioso, cheio de sucesso. Precisamos olhar para todos e incorporar o
olhar de todos ao nosso fazer. Somente
assim, poderemos garantir uma educação de qualidade, na construção de uma cidadania plena.
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