SONHANDO COM A ARTE
sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
REUNIÃO DE RESPONSÁVEIS - TEXTO
ARTIGO: A escola da Ponte - 5 - Rubem Alves
Rubem Alves
Imagino que você, que procura minhas crônicas aos domingos, deve estar cansado. Pois este é o quinto domingo em que falo sobre a mesma coisa. Pessoas que falam sempre sobre as mesmas coisas são chatas. Além do que essa insistência em uma coisa só é contrária ao estilo de crônicas. Crônicas, para serem gostosas, devem refletir a imensa variedade da
vida.
vida.
Um cronista é um fotógrafo. Ele fotografa com palavras. Crônicas são dádivas aos olhos. Ele deseja que os leitores vejam a mesma coisa queele viu. Se normalmente não sou chato, deve haver alguma razão para essa insistência em fotografar uma mesma coisa. Quem fotografa um mesmo objeto repetidas vezes deve estar apaixonado. Comporta-se como os fotógrafos de modelos, clic, clic, clic, clic, clic…: dezenas,centenas de fotos, cada uma numa pose diferente! Um dos meus pintores favoritos é Monet. Pois ele fez essa coisa insólita: pintou um monte de feno muitas vezes. E o curioso é que ele nem mudou de lugar, não procurou ângulos diferentes. Ficou assentado no seu banquinho, cavalete no mesmo lugar, e foi pintando, pintando. Porque, na verdade, o que ele estava pintando não era o monte de feno, uma coisa banal, de gosto bovino. O que ele estava pintando era a luz. Ele só usou o monte de feno como espelho onde a luz aparecia refletida, não como uma coisa fixa, mas como uma coisa móvel. A série de telas do monte de feno bem que poderia chamar-se "Strip tease da luz": devagar, bem devagar, ela vai se desnudando…
Pois estou fazendo com as minhas crônicas o que Monet fez: ele, diante do monte de feno;; eu, diante de uma pequena escola por que me apaixonei — pois ela é a escola com que sempre sonhei sem ter sido capaz de desenhar.
Nunca fui professor primário. Fui professor universitário. O Vinícius,descrevendo a bicharada saindo da Arca de Noé, disse: "Os fortes vão na frente tendo a cabeça erguida e os fracos, humildemente, vão atrás, como na vida…" Pois é exatamente assim que acontece na Arca de Noé dos professores: os professores universitários vão na frente tendo a cabeça erguida, e os primários, humildemente, vão atrás, como na vida…
Professor universitário é doutor, cientista, pesquisador, publica em revistas internacionais artigos em inglês sobre coisas complicadas que ninguém mais sabe e são procurados como assessores de governo e de empresas. Professor primário é professor de 3ª classe, não precisa nem ter mestrado nem falar inglês, dá aulas para crianças sobre coisas corriqueiras que todo mundo sabe. Crianças — essas coisinhas insignificantes, que ainda não são… Haverá atividade mais obscura?
Professor universitário é doutor, cientista, pesquisador, publica em revistas internacionais artigos em inglês sobre coisas complicadas que ninguém mais sabe e são procurados como assessores de governo e de empresas. Professor primário é professor de 3ª classe, não precisa nem ter mestrado nem falar inglês, dá aulas para crianças sobre coisas corriqueiras que todo mundo sabe. Crianças — essas coisinhas insignificantes, que ainda não são… Haverá atividade mais obscura?
Professores universitários gostam das luzes do palco. Professores primários vivem na sombra…
Quando entrei na universidade para ser professor senti-me muito importante. Com o passar do tempo fui sendo invadido por uma grande desilusão — tédio –, um cansaço diante da farsa. Partilhei da desilusão dos alunos que se sentiram muito importantes quando passaram no vestibular e até ficaram felizes quando os veteranos lhes rasparam o
cabelo. Cabelo raspado é distintivo: "Passei! Passei!" Não levou muito tempo para que descobrissem que a universidade nada tinha que ver com os seus sonhos. E essa é a razão por que fazem tanta festa e foguetório quando tiram o diploma. Fim do sofrimento sem sentido.
cabelo. Cabelo raspado é distintivo: "Passei! Passei!" Não levou muito tempo para que descobrissem que a universidade nada tinha que ver com os seus sonhos. E essa é a razão por que fazem tanta festa e foguetório quando tiram o diploma. Fim do sofrimento sem sentido.
A velhice me abriu os olhos. Quando se chega no topo, quando não há mais degraus para subir, a gente começa a ver com uma clareza que não tinha antes. "Tenho a lucidez de quem está para morrer", dizia Fernando Pessoa na "Tabacaria". Fiquei lúcido! E o que vi com clareza foi o mesmo que viu Joseph Knecht, o personagem central do livro de Hesse O jogo das contas de vidro: depois de chegar no topo, percebeu o equívoco. E surgiu, então, o seu grande desejo: ensinar uma criança, uma única criança que ainda não tivesse sido deformada (essa é a palavra usada por
Hesse) pela escola.
Hesse) pela escola.
Também eu: quero voltar para as crianças. A razão? Por elas mesmas. É bom estar com elas. Crianças têm um olhar encantado. Visitando uma reserva florestal no estado do Espírito Santo, a bióloga encarregado do programa de educação ambiental me disse que é fácil lidar com as crianças. Os olhos delas se encantam com tudo: as formas das sementes, as plantas, as flores, os bichos. Tudo, para elas, é motivo de assombro. E acrescentou: "Com os adolescentes é deferente. Eles não têm os olhos para as coisas. Eles só têm olhos para eles mesmos…" Eu já tinha percebido isso. Os adolescentes já aprenderam a triste lição que se ensina diariamente nas escolas: Aprender é chato. O mundo é chato. Os professores são chatos. Aprender, só sob ameaça de não passar no vestibular.
Por isso quero ensinar as crianças. Elas ainda têm olhos encantados. Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os gregos, era o início do pensamento: a capacidade de se assombrar diante do banal. Tudo é espantoso: um ovo, uma minhoca, um ninho de guaxo, uma concha de caramujo, o vôo dos urubus, o zunir das cigarras, o coaxar dos sapos, os pulos dos gafanhotos, uma pipa no céu, um pião na terra. Dessas coisas,invisíveis aos eruditos olhos dos professores universitários (eles não podem ver, coitados;; a especialização tornou-os cegos como toupeiras, só vêem dentro do espaço escuro de suas rocas — e como vêem bem!), nasce o espanto diante da vida;; desse espanto, a curiosidade;; da curiosidade, a fuçação (essa palavra não está no Aurélio) chamada pesquisa;; dessa fuçação, o conhecimento;; e do conhecimento, a alegria!
Pensamos que as coisas a serem aprendidas são aquelas que constam dos programas. Essa é a razão por que os professores devem preparar seus planos de aula. Mas as coisas mais importantes não são ensinadas por meio de aulas bem preparadas. Elas são ensinadas inconscientemente. Bom seria que os educadores lessem ruminativamente (também não se encontra no Aurélio) o Roland Barthes. Ele descreveu o seu ideal de aula como sendo a criação de um espaço — isso mesmo! Um espaço! — parecido com aquele que existe quando uma criança brinca ao redor da mãe. A criança pega um botão leva para a mãe. A mãe ri, e faz um corrupio (você sabe o que é um corrupio?). Pega um pedaço de barbante. Leva para a mãe. A mãe ri e lhe ensinar a fazer nós. Ele conclui que o importante não é nem o botão nem o barbante, mas esse espaço lúdico que se ensina sem que se fale sobre ele.
Na Escola da Ponte o mais importante que se ensina é esse espaço. Nas nossas escolas: salas separadas — o que se ensina é que a vida é cheia de espaços estanques;; turmas separadas e hierarquizadas — o que se ensina é que a vida é feita de grupos sociais separados, uns em cima dos outros. Conseqüência prática: a competição entre as turmas, competição que chega à violência (os trotes!). Saberes ministrados em tempos definidos, um após o outro: o que se ensina é que os saberes são compartimentos estanques (e depois reclamam que os alunos não conseguem integrar o conhecimento. Apelam então para a "transdisciplinaridade", para corrigir o estrago feito. O que me faz lembrar um filme de O Gordo e o Magro. Ainda falo sobre o tal filme, Queijo Suíço…). Ah! Uma vez cometido o erro arquitetônico, o espírito da escola já está determinado! Mas nem arquitetos nem técnicos da educação sabem disso…
Escola da Ponte: um único espaço, partilhado por todos, sem separação por turmas, sem campainhas anunciando o fim de uma disciplina e o início da outra. A lição social: todos partilhamos de um mesmo mundo. Pequenos e grandes são companheiros numa mesma aventura. Todos se ajudam. Não há
competição. Há cooperação. Ao ritmo da vida: os saberes da vida não seguem programas. É preciso ouvir os "miúdos", para saber o que eles sentem e pensam. É preciso ouvir os "graúdos", para saber o que eles sentem e pensam. São as crianças que estabelecem as regras de convivência: a necessidade do silêncio, do trabalho não perturbado, de se ouvir música enquanto trabalham. São as crianças que estabelecem os mecanismos para lidar com aqueles que se recusam a obedecer às regras. Pois o espaço da escola tem de ser como o espaço do jogo:o jogo, para ser divertido e fazer sentido, tem de ter regras. Já imaginaram um jogo
de vôlei em que cada jogador pode fazer o que quiser? A vida social depende de que cada um abra mão da sua vontade, naquilo em que ela se choca com a vontade coletiva. E assim vão as crianças aprendendo as regras da convivência democrática, sem que elas constem de um programa…
competição. Há cooperação. Ao ritmo da vida: os saberes da vida não seguem programas. É preciso ouvir os "miúdos", para saber o que eles sentem e pensam. É preciso ouvir os "graúdos", para saber o que eles sentem e pensam. São as crianças que estabelecem as regras de convivência: a necessidade do silêncio, do trabalho não perturbado, de se ouvir música enquanto trabalham. São as crianças que estabelecem os mecanismos para lidar com aqueles que se recusam a obedecer às regras. Pois o espaço da escola tem de ser como o espaço do jogo:o jogo, para ser divertido e fazer sentido, tem de ter regras. Já imaginaram um jogo
de vôlei em que cada jogador pode fazer o que quiser? A vida social depende de que cada um abra mão da sua vontade, naquilo em que ela se choca com a vontade coletiva. E assim vão as crianças aprendendo as regras da convivência democrática, sem que elas constem de um programa…
Minha cabeça está coçando com o sonho de fazer uma escola parecida… Você matricularia seu filho numa escola assim? Mande sua resposta com suas razões para rubem@correionet.com.br — estou curioso! Mas, para fazer essa escola, tenho de resolver primeiro um problema: como é que o graxo coloca o primeiro graveto para construir o seu ninho?
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
EDUCAÇÃO INFANTIL - PRA QUE TE QUERO...
Um dos livros que mais gostei de ler durante toda a minha formação foi Educação Infantil, pra que te quero?, com organização de Carmem Craidy e Gládis E. Kaercher.
Para quem está iniciando os estudos acerca da Educação Infantil, é professor e busca reflexões sobre a metodologia dos conteúdos, e ainda é pai ou mãe e quer conhecer as etapas do desenvolvimento do seu filho, fica a sugestão desse guia completo que abre muitas portas do saber e da visão que temos dessa fase tão única que é a infância.
A fase do desenvolvimento em questão é a mais importante da vida do ser humano, pois é dos 0 aos 7 anos que os indivíduos formam a sua concepção de mundo e internalizam conceitos. Para tanto, é importante que pais e mestres saibam muito bem desse desenvolvimento e tenham claros seus objetivos, pois toda a informação dada à criança será armazenada e a partir dela estabelecerá suas relações.
O livro está dividido em 13 capítulos escrito por especialistas da área que buscam um diálogo com o leitor. Abordam desde os propósitos da escola infantil ao longo da história, as novas definições da legislação segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os estágios do desenvolvimento infantil segundo Piaget, Vygotsky e Wallon, e reflexões sobre literatura, música, ciências, artes, ludicidade, aquisição da linguagem falada e escrita, organização do tempo e do espaço durante as aulas. Também há debate sobre temas de saúde, incluindo até o calendário de vacinas e uma breve abordagem sobre as doenças mais comuns da infância. Um prato cheio!
Educação Infantil: Pra que te quero?
Atualmente, é muito comum que os filhos fiquem em pré-escolas durante o horário de trabalho dos pais. Algumas crianças, como já acompanhei, permanecem ali durante as 12 horas de funcionamento. O que a escola deve proporcionar nesse tempo? Segundo os autores, é dever da escola educar e cuidar, ou seja, desenvolver o cognitivo e a psicomotricidade, sem fazer desse ensino um processo mecânico, sem afetividade, sem um olhar atento. Educar cuidando e cuidar educando. A escola não é aquele espaço onde a criança apenas aguarda o retorno os pais — ela deve visar o desenvolvimento global do aluno. Sendo assim, é necessário compreender cada estágio de desenvolvimento das crianças, traçar objetivos e auxiliar para que cada um alcance o seu, ao seu tempo. Cuidar é ter a sensibilidade de olhar para cada dificuldade, para cada sintoma de febre, fome, e outras tantas coisas comuns do cotidiano escolar. Educar e Cuidar são atos que devem respeitar a individualidade do aluno, reconhecendo-o como sujeito de direitos, como prevê a Lei.
Reflexões sobre o Cuidar na Educação Infantil
Relativas ao cotidiano escolar, a adaptação ao novo ambiente, relacionamento escola/pais, alimentação, uso de chupetas, choro, a tirada das fraldas, fazem parte do cuidar, do estar com olhar atento. Precisamos, enquanto responsáveis pelos pequenos, lembrar que cada um tem o seu ritmo de desenvolvimento, e que serão diferentes reações para as mesmas situações, caso contrário, podem resultar em experiências negativas que são desnecessárias, não é mesmo? O professor que trabalha com essa faixa etária precisa conhecer e estar atento as fases do desenvolvimento, pois as crianças crescem e evoluem muito rápido. São os 7 anos da vida em que mais desenvolvemos. Por isso faz-se necessária a compreensão dos estágios de desenvolvimento segundo Piaget, Vygotsky e Wallon. Estejamos preparados para ser responsáveis por crianças, no caso de doenças e acidentes comuns nessa faixa etária. Nesses momentos, o conhecimento a piori torna-se fundamental, principalmente com relação a prevenção. Ainda, ter claro conceitos de ambiente, higiene, sono e uso de medicações (o livro contém até um calendário de vacinas!). Temos uma bagagem cultural que nos diz, inconscientemente, que menino age de uma maneira e que meninas agem de outra, que boneca é brinquedo de menina e carrinhos, de meninos. Muitos professores não se dão conta quando chamam atenção das crianças por seus comportamentos, que são naturais e espontâneos, já rotulando e descarregando uma série de pré-conceitos culturais nos nossos pequenos. Meninos que brincam com bonecas podem ser grandes pais no futuro, ao invés de homossexuais, como alguns julgam. Vamos deixar nossas crianças livres desse tipo de pensamento e livres também para poderem fazer as suas escolhas.
Reflexões sobre o Educar na Educação Infantil
O livro traz uma série de dicas de atividades para organizar melhor o tempo e o espaço na educação infantil. Conforme cada faixa etária, as atividades são diferentes e o tempo em detrimento das mesmas também, e isso é sempre interessante analisar antes — por isso o planejamento. Quanto menor a criança, menor o tempo em atividades dirigidas e maior deve ser o tempo destinado ao brincar. Sobre a organização do espaço também ficam dicas de como melhor aproveitar o espaço externo e interno e as competências que podem ser desenvolvidas. Muitas vezes deixamos de nos questionar sobre o desenvolvimento da criança e na Páscoa, por exemplo, vamos presenteá-la com um livro (ou eleger um título para a hora do conto, na escola). Ótimo! Que criança não gosta de história? Porém, essa hora do conto pode ir por água abaixo se o livro escolhido não estiver de acordo com a faixa etária. Por isso, é necessária atenção. Vamos nos lembrar de acompanhar o processo de aquisição de conhecimentos, lembrar que as crianças não são um depósito que vamos despejando as informações. O desenvolvimento infantil requer calma e muito zelo. Vamos fazer do livro parte do dia a dia da criança! A hora do conto é o momento de formar os futuros leitores, e o ambiente desafiador do ponto de vista linguístico estimulará o interesse pela escrita. Achamos uma graça quando as crianças estão nos seus jogos espontâneos de faz-de-conta, imitando pais, professores, o apresentador da televisão, o personagem do desenho animado. Para as crianças, porém, além de ser prazeroso, é uma atitude séria. Através das brincadeiras e da imitação é que as crianças vão compreendendo o mundo em que vivem. Colocar o sapato da mãe é uma forma da menina se sentir integrante do mundo e aprender, se desenvolver. Através da brincadeira, o professor pode observar o que a criança carrega dentro de si, procurando descobrir quais são os desejos que ela representa enquanto brinca, e brincando, fazer as mediações, ajudando dessa forma na superação de si mesmo em busca do desenvolvimento.
Um capítulo que chamou muito a minha atenção foi sobre as práticas musicais. A falta de consciência quanto a nossa prática faz com que acabemos reproduzindo modelos que não estão de acordo com os objetivos que sonhamos alcançar. A simples repetição de ‘musiquinhas’ infantis, reproduzidas em datas comemorativas, não vai fazer com que a criança desenvolva aspectos da musicalidade. E música não é só cantar. É tocar, é pesquisar sons, é apreciar, é compor, por que não? É confeccionar instrumentos, é saber quem é o compositor. Dessa maneira, estamos contribuindo de fato em sua formação.
O texto acima é de autoria de Rosana Três, que resume sua vida em duas palavras: Arte e Educação. Ela escreve neste blog promovendo reflexões para que tu mesmo possa ‘educ-arte’ e, dessa forma, depositar a sua contribuição na caixinha onde diz ‘mundo’.
Educação Infantil, pra que te quero? - Resenha by Rosana Gazola
PROPOSTA PEDAGÓGICA DE FREINET
FREINET E A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Patrícia Alves de Lima
Profª. Drª. Lêda Gonçalve de Freitas
RESUMO:Este artigo reflete sobre a importância de Freinet na ludicidade. Especificamente, busca
compreender as influências deste teórico na fundamentação da ludicidade na Educação
infantil. Para alcance dos objetivos foi realizado uma pesquisa bibliográfica envolvendo o
lúdico e os principais conceitos da proposta pedagógica de Freinet. Na primeira parte do
artigo destaca-se a ludicidade, sua evolução histórica e o seu papel na educação infantil. Em
seguida, busca-se apresentar a proposta pedagógica de Freinet e relacionar o pensamento do
autor com o lúdico. As conclusões desse estudo teórico são: A importância das ideias de
Freinet para potencializar cada vez mas a ludicidade na educação Infantil. A presença
constante da proposta pedagogia de Freinet nas salas de aula.
Palavras- chaves:. Freinet, Lúdico e Educação Infantil.
PROPOSTA PEDAGÓGICA DE FREINET
Célestin Freinet nasceu em 15 de outubro de 1896, no sul da França em Gars um
povoado na região da Provença. Durante sua infância foi pastor de rebanhos, antes de
começar a cursar o magistério. Freinet interrompeu seus estudos em 1914 para lutar na
Primeira Guerra, durante sua participação na guerra teve seus pulmões afetados pelos gases
tóxicos do campo de batalha.
Em 1920, começou a lecionar na aldeia de Bar-sur-Loup, onde pôs em prática alguns
de seus principais experimentos, como a aula-passeio e o livro da vida. Em 1925, filiou-se ao
Partido Comunista Francês. Em 1928, já casado com Élise Freinet (artista plástica) que
tornou-se sua parceira e divulgadora, mudou-se para Saint-Paul de Vence, iniciando intensa
atividade educacional. Cinco anos depois, foi exonerado do cargo de professor. Em 1935, o
casal Freinet construiu uma escola própria em Vence.
Durante a Segunda Guerra, o educador foi preso e adoeceu num campo de concentração alemão. Em 1956, liderou a vitoriosa campanha 25 Alunos por Classe. No ano seguinte, os seguidores de Freinet fundaram a Federação Internacional dos Movimentos da Escola Moderna (Fimem), que hoje reúne educadores de cerca de 40 países.
Em 1924 já existiam congressos que discutiam uma Educação Nova, grandes educadores da época como Ferrière, Claparède, Bovet e Cousinet que compartilhavam suas experiências vividas, mas Freinet observou e chegou a conclusão que a Educação Nova era aplicada em escolas que possuíam condições de possuir materiais específicos e boas condições. Para Freinet a realidade era outra pois ele trabalhava com crianças mas carentes, e buscava uma Educação Nova que pudesse ser aplicada a todas as crianças da sociedade sem distinção. E acima de tudo que respeitasse a individualidade de cada criança.
Durante suas aulas adquiriu o hábito de registrar o comportamento de cada criança que julgava interessante por meio de situações de sucesso e fracasso, com isso Freinet conseguia melhor compreender a personalidade de cada aluno. Então começou a estudar outros autores como Rousseau, Rabelais, Montaigne e especialmente Pestalozzi. Com este estudo começou a questionar o ensino tradicional nas escolas, onde tudo era hierarquizado, com normas rígidas como: horários, conteúdos e carteiras enfileiradas entre muitos outros aspectos. Freinet sentia a necessidade de uma pedagogia voltada para os seguintes princípios: senso cooperativo, senso de responsabilidade, sociabilidade, autonomia pessoal, criatividade, comunicação, afetividade, reflexão individual e coletiva. Desde que as condições exteriores sejam favoráveis à germinação, há uma força que desperta, cresce, agita o pão de trigo, que começa a escala para o esplendor do seu servir( Freinet, 1998, p. 18).
Era possível perceber que os alunos tinham um grande interesse em descobrir o mundo, as coisas que estavam em seu redor, mas que esta postura mudava assim que as crianças entravam em sala de aula, porque não demonstravam nem um interesse ou curiosidade nos conteúdos ensinados. Por meio desta observação Freinet criou a aula passeio, onde as crianças saiam do ambiente de sala e aula para descobrir, estudar e observar o mundo, durante essas aulas os alunos podiam aprender de forma mais lúdica e prazerosa para eles, porque o interesse dos alunos ao estava dentro da sala de aula, mas sim fora dela. Ao retornarem dessas aulas passeio os alunos registravam tudo que tinha observado fazendo assim que as crianças exercitassem de forma prazerosa o habito da escrita e da leitura em sua sala de aula, para Freinet sua proposta de trabalho abria as portas e as paredes deixaram de ser
barreiras e a vida entrava dentro da classe junto com a luz do sol..." (FREINET, 1969, p. 21).
Durante as aulas passeio não existia a distinção entre professor aquele que iria transmitir seus
conhecimentos, e o aluno que iria aprender, todos estavam aprendendo e aprendendo juntos.
Freinet percebeu que os textos escritos por seus alunos após as aulas passeios, eram lidos e
trabalhados em sala de aula mas que logo ficavam guardados em armários sem nem uma
utilidade, então Freinet teve a brilhante idéia e imprimir esses textos e distribuí-los para os
pais dos alunos e para a sociedade para que estes textos se espalhassem na comunidade. Ao
final os alunos iam montando um livro com seus textos escritos ao longo da vida. Os textos só
eram impressos se fosse do interesse do autor (aluno), e antes de passar pelo tipógrafo era
feita a correção coletiva ou a auto-correção para que os alunos aprendessem com seus
próprios erros.
A idéia do Livro da Vida surgiu quando Freinet propôs para seus alunos a construção de um diário de classe coletivo onde cada alunos teriam a liberdade de escrever, desenhar ou pintar o que quisesse e com os mais diversos assuntos, não somente assuntos escolares. Porém para Freinet ainda não estava completa sua idéia, os textos eram lidos por seus alunos, depois levados para serem lidos pelos pais e amigos das crianças, e logo em seguida esquecidos, foi quando um amigo de Freinet que morava no norte da França tomou conhecimento sobre o trabalho que estava sendo realizado por Freinet no sul da França e escreveu para Freinet falando do seu interesse de também trabalhar com suas crianças
utilizando as mesmas técnicas na produção e impressão de textos. Eles juntos criaram a Correspondência interescolar onde as crianças de escolas diferentes se comunicavam por meio
de desenhos, cartas e textos. Por meio desta atividade os alunos ampliavam cada vez mais
seus conhecimentos, porque descobriam a cultura de outras comunidades.
Freinet defendia que os alunos aprendiam cada vez mais por meio dos trabalhos
desenvolvidos por eles (pedagogia do trabalho). Quando a criança sentir, por um lado, que lhe dão a liberdade de se exprimir e que, por outro, a tipografia pode materializar o seu pensamento para propagar, dá-se a abundância de textos e histórias. Não temam de início a leitura nem o comprimento
dos textos nem a sua complicação; procurem, sobretudo, não fazer dizer certas
palavras que lhes pareçam mais cômodas de ler. A criança sentiu o seu texto, ela lê-
lo-á, ela retê-lo-á. (Freinet, 1968, p. 350).
Um dos princípios da proposta pedagógica de Freinet são as invariantes pedagógicas elas
receberam esse nome porque independente do país ou região onde elas sejam aplicadas elas
nunca vão variar, com a utilização das invariantes no processo de ensino-aprendizagem, a
educação acontece de forma natural conseguindo assim uma formação integral do aluno. Para
Freinet educar é construir juntos. Segundo Freinet (1973, p.53) as invariantes são:
1. A criança é da mesma natureza que o adulto.
2. Ser maior não significa necessariamente estar acima dos outros.
3. O comportamento escolar de uma criança depende do seu estado fisiológico, orgânico
e constitucional.
4. A criança e o adulto não gostam de imposições autoritárias.
5. A criança e o adulto não gostam de uma disciplina rígida, quando isto siginifica
obedecer passivamente uma ordem externa.15
6. Ninguém gosta de fazer determinado trabalho por coerção, mesmo que, em particular,
ele não o desagrade. Toda atitude imposta é paralisante.
7. Todos gostam de escolher o seu trabalho mesmo que essa escolha não seja a mais
vantajosa.
8. Ninguém gosta de trabalhar sem objetivo, atuar como máquina, sujeitando-se a rotinas
nas quais não participa.
9. É fundamental a motivação para o trabalho.
10. É preciso abolir a escolástica.
a. Todos querem ser bem-sucedidos. O fracasso inibe, destrói o ânimo e o
entusiasmo.
b. Não é o jogo que é natural na criança, mas sim o trabalho.
11. Não são a observação, a explicação e a demonstração - processos essenciais da escola
- as únicas vias normais de aquisição de conhecimento, mas a experência tateante,que
é uma conduta natural e universal.
12. A memória, tão preconizada pela escola, não é válida, nem preciosa, a não ser quando
está integrada no tateamento experimental,onde se encontra verdadeiramente a serviço
da vida.
13. As aquisições não são obtidas pelo estudo de regras e leis, como às vezes se crê, mas
sim pela experîencia. Estudar primeiro regras e leis é colocar o carro na frente dos
bois.
14. A inteligência não é uma faculdade específica, que funciona como um circuito
fechado, independente dos demais elementos vitais do indivíduo, como ensina a
escolástica.
15. A escola cultiva apenas uma forma abstrata de inteligência, que atua fora da realidade
fica fixada na memória por meio de palavras e idéias.
16. A criança não gosta de receber lições autoritárias.
17. A criança não se cansa de um trabalho funcional, ou seja, que atende aos rumos de sua
vida.
18. A criança e o adulto não gostam de ser controlados e receber sanções. Isso carcteriza
uma ofensa à dignidade humana, sobretudo se exercida publicamente.
19. As notas e classificações constituem sempre um erro.
20. Fale o menos possível.
21. A criança não gosta de sujeitar-se a um trabalho em rebanho. Ela prefere o trabalho
individual ou de equipe numa comunidade cooperativa.16
22. A ordem e a disciplina são necessárias na aula.
23. Os castigos são sempre um erro. São humilhantes, não conduzem ao fim desejado e
não passam de paliativo.
24. A nova vida da escola supõe a cooperação escolar, isto é, a gestão da vida pelo
trabalho escolar pelos que a praticam, incluindo o educador.
25. A sobrecarga das classes constitui sempre um erro pedagógico.
26. A concepção atual das grandes escolas conduz professores e alunos ao anonimato, o
que é sempre um erro e cria barreiras.
27. A democracia de amanhã prepara-se pela democracia na escola. Um regime autoritário
na escola não seria capaz de formar cidadãos democratas.
28. Uma das primeiras condições da renovação da escola é o respeito à criança e, por sua
vez, a criança ter respeito aos seus professores; só assim é possível educar dentro da
dignidade.
29. A reação social e política, que manifesta uma reação pedagógica, é uma oposição com
o qual temos que contar, sem que se possa evitá-la ou modificá-la.
30. É preciso ter esperança otimista na vida.
Freinet não possui apenas uma proposta pedagógica, seus ensinamentos vão muito
além de uma simples proposta, ele criou uma filosofia de vida onde o foco principal é a
valorização do aluno. Sua filosofia ensina como educar crianças mais críticas perante a
sociedade.
FREINET E A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
FREINET E A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Patrícia Alves de Lima
Profª. Drª. Lêda Gonçalve de Freitas
RESUMO:
Este artigo reflete sobre a importância de Freinet na ludicidade. Especificamente, busca compreender as influências deste teórico na fundamentação da ludicidade na Educação infantil. Para alcance dos objetivos foi realizado uma pesquisa bibliográfica envolvendo o lúdico e os principais conceitos da proposta pedagógica de Freinet. Na primeira parte do artigo destaca-se a ludicidade, sua evolução histórica e o seu papel na educação infantil. Em
seguida, busca-se apresentar a proposta pedagógica de Freinet e relacionar o pensamento do autor com o lúdico. As conclusões desse estudo teórico são: A importância das ideias de Freinet para potencializar cada vez mas a ludicidade na educação Infantil. A presença constante da proposta pedagogia de Freinet nas salas de aula.
Palavras- chaves:. Freinet, Lúdico e Educação Infantil.
O lúdico é um assunto que está se propagando cada vez mais com os passar dos anos. A palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar. Neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos, divertimentos e passatempos. É possível encontrar em livros de histórias relatos que comprovam que, em todas as épocas, os Homens tinham suas formas de brincar e se divertir (momentos lúdicos).
Segundo Almeida (1997) o marco da questão da ludicidade é a Grécia, onde Platão já afirmava que os primeiros anos da criança deveriam ser ocupados com jogos educativos, praticados pelos dois sexos, em jardins de crianças. Segundo o pensamento grego a educação deveria começar aos sete anos de idade. Naquela época o esporte era bastante difundido e tinha valor educativo e moral. Até mesmo entre os romanos e maias, os jogos eram uma maneira para que os mais velhos transmitissem seus conhecimentos e valores para as gerações mais novas.
Porém, para o cristianismo, o jogo já foi considerado como sinônimo de profano e imoral. Somente a partir do século XVI é que os jesuítas começaram a perceber o valor educativo dos jogos e da ludicidade, considerando-os pertinente para a prática educativa em seus colégios.
Os padres compreenderam desde o início que não era possível nem desejável suprimi-los ou mesmo fazê-los depender de permissões precárias e vergonhosas. Ao contrário, propuseram-se a assimilá-los e a introduzi-los oficialmente em seus programas e regulamentos e controlá-los. Assim, disciplinados os jogos,
reconhecidos como bons, foram admitidos, recomendados e considerados a partir de então como meios de educação tão estimáveis quanto os estudos. (ARIÉS, 1978, p.112-113).
Segundo Cunha (1994), o adulto trabalhador de amanhã é, hoje, a criança que brinca muito. A criança que hoje participa de jogos e brincadeiras, saberá trabalhar em grupo amanhã. Se hoje aprende a aceitar as regras do jogo, amanhã será capaz de respeitar as
normas sociais. Assim, pode-se afirmar, que o lúdico é um assunto que esteve presente na história da humanidade, adquirindo destaque no campo educativo especialmente nas últimas décadas.
São inúmeros pesquisadores que estudaram a questão da ludicidade com a finalidade de compreendê-la melhor. Estes estudos não se restringiram apenas à área da educação, alcançando a psicologia, fisiologia e sociologia, dentre outras áreas. Segundo Negrine 1997), muitos pensadores pós-modernos admitem que o terceiro milênio é o da ludicidade, pois esta é uma necessidade realmente humana, tendo em vista que proporciona elevação dos níveis de
uma boa saúde mental. Após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96), as políticas e as discussões relacionadas à Educação ganharam força, culminando, num primeiro momento, com as propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN’s e das Diretrizes Curriculares Nacionais. A partir de então, fomentou-se os questionamentos e debates acerca
da Educação e de seu contexto político e social, fazendo com que no grupo de educadores de todas escolas do Brasil os métodos e conteúdos pedagógicos que vinham sendo utilizados com
seus alunos fossem repensados. Durante estes debates, a atividade lúdica ganhou importância como estratégia para construção do conhecimento.
Ao debater a formação do educador com um olhar voltado para o lúdico no processo de aprendizagem, o primeiro obstáculo a ser enfrentado é a formação profissional destes educadores, pois os cursos de licenciaturas, em geral, não propõem esta discussão como central em seus currículos, formando, assim, educadores incompletos.
Conforme indica Santos (1997), a formação lúdica possibilita ao educador: conhecer-se como pessoa, saber suas possibilidades e limitações, ter visão sobre a importância do jogo e
do brinquedo para a vida da criança, jovem e do adulto.
Aos profissionais de diferentes áreas, comprometidos com o processo de formação e educação social, cabe-lhes a responsabilidade de forjar um saber especial, um 10
saber que estimule e motive os sujeitos sociais a alegria de estar no mundo. Ao absolver o sonho, a fantasia, a alegria, como elementos de complementaridade e harmonização dos saberes na vida, melhora-se, também, a qualidade da vida, na
medida em que amplia-se o horizonte de possibilidades das relações sociais, interações e formas de comunicação, permitindo sentimentos de segurança que levam afloram manifestações de curiosidade, ludicidade, responsabilidade e felicidade (FRANÇA, 2000, p. 8).
O professor não pode se conformar com a realidade social de sua comunidade, mas, antes de tudo, deve assumir seu papel como cidadão, capaz de intervir e melhorar a realidade.
Infelizmente, devido à má formação dos educadores, as atividades artísticas e culturais, assim como as recreativas, na maioria das vezes só são utilizadas pelos professores quando não
planejaram nada para ensinar.
O lúdico quando utilizado como recurso pedagógico na aprendizagem, deve ser encarado de forma séria, competente e responsável. Usado de maneira correta, poderá oportunizar ao educador e ao educando, importantes momentos de aprendizagens. Quando um educador está interessado em gerar mudanças, encontra na proposta do lúdico uma metodologia que pode contribuir para diminuir os altos índices de fracasso e evasão escolar e evasão nas escolas.
É necessário, portanto, que as escolas de Educação Infantil incluam a ludicidade em suas propostas pedagógicas. Quando se fala em uma escola lúdica, é normal que muitas pessoas pensem em uma escola diferente das escolas tradicionais, mais isso não é
necessariamente verdade. Segundo Antunes (1997) durante anos confundiu-se “ensinar” com “transmitir”. Em um contexto onde o aluno é um ser passivo e o professor o transmissor, este
é o único que possui conhecimento e tem como missão transmiti-lo, cabendo ao aluno compreender esse conhecimento. O resultado é que quando o professor não obtém sucesso
nesta aprendizagem, a incompetência é do aluno.
Uma escola lúdica tem como finalidade desenvolver habilidades físicas e intelectuais, formar alunos críticos, criativos, conscientes e promover a interação social e, acima de tudo,
despertar em seus alunos o gosto pela escola, pelo estudo, pela busca por novos conhecimentos, criando assim um elo muito forte entre o aluno e a escola.
Uma escola lúdica é onde o aluno sente prazer em estudar, em aprender coisas novas nas diferentes áreas do conhecimento: matemática, português e ciências entre muitas outras.
Para que isto ocorra o ambiente deve ser bastante acolhedor não só para os alunos, mas também para os professores, pais e familiares dos alunos. Na sala de aula o aluno deve ter
acesso a livros, revistas, gibis e jornais. Os corredores e murais da escola devem ser utilizados para expor as atividades desenvolvidas pelos alunos como uma forma de valorizar os seus 11 trabalhos. A escola deve planejar projetos que envolvam os alunos com a realidade de sua comunidade, promovendo assim a interação aluno e realidade, como também incentivar a prática de atividades esportivas, onde os alunos poderão adquirir hábitos de higiene pessoal e outros valores.
Por intermédio do lúdico, a criança encontra o equilíbrio entre o real e o imaginário.
Para Kishimoto (2007) brincando as crianças aprendem a cooperar com os companheiros, obedecer às regras do jogo, respeitar os direitos dos outros, acatar a autoridade, assumir responsabilidades, aceitar penalidades que lhe são impostas, dar oportunidades aos amigos e com isso tudo a criança aprender a viver em sociedade.
O brincar é agradável por si mesmo, aqui e agora. Na perspectiva da criança, brinca-se pelo prazer de brincar, e não porque suas conseqüências sejam eventualmente positivas ou preparatórias de alguma outra coisa. No brincar, objetivos, meios e resultados tornam-se indissociáveis e enredam a criança em uma
atividade gostosa por si mesma, pelo que proporcionou no momento de sua realização. Este é o caráter autotélico do brincar. Do ponto de vista do desenvolvimento, essa característica é fundamental, pois possibilita à criança aprender consigo mesma e com os objetos ou pessoas envolvidas nas brincadeiras,
nos limites de suas possibilidades e de seu repertório. Esses elementos, ao serem mobilizados nas brincadeiras, organizam-se de muitos modos, criam conflitos e projeções, concebem diálogos, praticam argumentações, resolvem ou possibilitam o
enfrentamento de problemas (MACEDO, 2005, p. 14).
Segundo Santos (1999) é possível perceber que o brincar está presente em todas as dimensões da existência humana e, principalmente, na vida das crianças. Assim, brincar é
viver, e as crianças brincam porque esta é uma necessidade básica, assim como a nutrição, a saúde, a habitação e a educação.
No Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) a lúdicidade está diretamente ligada com o educar, cuidar e o brincar. No universo infantil por meio da ludicidade a criança consegue se desenvolver com mais facilidade. De acordo com o RCNEI:
É no brincar que a criança conhece os diferentes vínculos entre as características do papel assumido, suas competências e as relações que possuem com outros papéis, tomando consciência disto e generalizando para outras situações (RCNEI, 2001, p.28).
Durante uma brincadeira a criança cria seu mundo de faz-de-conta, sempre próximo a realidade do mundo dos adultos. Nestes momentos lúdicos a criança é capaz de vivenciar as
normas sociais, e adquirir comportamentos mais avançados daqueles que possui no seu cotidiano, fazendo assim com que a criança consiga ampliar cada vez mais seu conhecimento
por meio dessas brincadeiras. O RCNEI estabelece como fator fundamental para incorporar a brincadeira no ambiente escolar, a importância de professores atualizados que compreendam
de forma clara os processos de aprendizagem e do desenvolvimento infantil. Durante o ato de brincar é possível trabalhar os aspectos afetivos, cognitivos e sociais.
É necessário que o lúdico seja incorporado no ambiente escolar, para melhorar ainda mais a educação brasileira, tantos estudos são feitos e cabe aos profissionais da educação estarem em constate atualização para modificarem sempre que necessário os seus
planejamentos educacionais.
O QUE A CRECHE PODE ENSINAR......
O que a creche pode ensinar?
Entenda quais são as experiências de aprendizagem para crianças até 3 anos e saiba como cada uma delas influencia no desenvolvimento infantil
Paula Nadal (paula.nadal@fvc.org.br)
No Brasil, a ideia de um currículo para a Educação
Infantil nem sempre foi aceita. O termo, porém,
ganhou força na última década, quando passou a ser
de fato compreendido como um conjunto de práticas
intencionalmente planejadas e avaliadas - um
projeto pedagógico que busca articular experiências e
saberes da criança para inseri-la na cultura, capaz
de prepará-la para encarar o Ensino Fundamental da
melhor maneira possível.
Infantil nem sempre foi aceita. O termo, porém,
ganhou força na última década, quando passou a ser
de fato compreendido como um conjunto de práticas
intencionalmente planejadas e avaliadas - um
projeto pedagógico que busca articular experiências e
saberes da criança para inseri-la na cultura, capaz
de prepará-la para encarar o Ensino Fundamental da
melhor maneira possível.
Para Jean Piaget, o sujeito constrói seu próprio
conhecimento, processo que se dá a partir da
interação com os outros e com o mundo dos objetos
e das ideias. Por isso, o currículo da creche deve
apontar quais experiências de aprendizagem são
fundamentais para o desenvolvimento da criança,
levando-se em conta as principais conquistas deste
período, como a marcha, a linguagem, a formação
do pensamento simbólico e a sociabilidade. É este
projeto pedagógico que vai orientar as ações e definir
os parâmetros de desenvolvimento dos meninos e
meninas.
Em 1998, o Ministério da Educação (MEC) publicou o
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil,
documento que aponta metas de qualidade para garantir o
desenvolvimento das crianças na creche e na pré-escola.
Mas a elaboração de propostas curriculares municipais é
bem mais recente.
Conheça, abaixo, os sete eixos de aprendizagem da creche
organizados por NOVA ESCOLA para oferecer cuidado,
segurança, acolhimento e condições para o desenvolvimento
subjetivo e intelectual das crianças entre 0 e 3 anos.
conhecimento, processo que se dá a partir da
interação com os outros e com o mundo dos objetos
e das ideias. Por isso, o currículo da creche deve
apontar quais experiências de aprendizagem são
fundamentais para o desenvolvimento da criança,
levando-se em conta as principais conquistas deste
período, como a marcha, a linguagem, a formação
do pensamento simbólico e a sociabilidade. É este
projeto pedagógico que vai orientar as ações e definir
os parâmetros de desenvolvimento dos meninos e
meninas.
Em 1998, o Ministério da Educação (MEC) publicou o
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil,
documento que aponta metas de qualidade para garantir o
desenvolvimento das crianças na creche e na pré-escola.
Mas a elaboração de propostas curriculares municipais é
bem mais recente.
Conheça, abaixo, os sete eixos de aprendizagem da creche
organizados por NOVA ESCOLA para oferecer cuidado,
segurança, acolhimento e condições para o desenvolvimento
subjetivo e intelectual das crianças entre 0 e 3 anos.
1. Exploração dos objetos e brincadeiras
2. Linguagem oral e comunicação
3. Desafios corporais
4. Exploração do ambiente
5. Identidade e autonomia
6. Exploração e linguagem plástica
7. Linguagem musical e expressão corporal
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